Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da Saúde
Início do conteúdo

Outros contaminantes

A avaliação da exposição humana a contaminantes químicos presentes no ambiente é uma das competências da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solos Contaminados (Vigisolo), que busca articular ações de saúde integradas como prevenção, promoção, vigilância e assistência à saúde.

Como forma de viabilizar a implantação de um Sistema de Vigilância em Saúde dos agravos provocados pelos riscos químicos foi selecionado cinco substâncias, classificadas pela Comissão Permanente de Saúde ambiental (Copesa) e pela Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ), como prioritárias devido aos riscos a população, são elas:

O mercúrio é um elemento químico da classe dos metais pesados que pode assumir diferentes formas químicas mercúrio metálico (metal prateado líquido e volátil), mercúrio inorgânico (combinados com outros elementos, como cloro, oxigênio e enxofre) e mercúrio orgânico (combinação entre mercúrio e cadeias de carbono).

As áreas podem se contaminar por emissões:

  • Naturais: decorrem de transformações da crosta terrestre, das atividades vulcânicas e da evaporação de corpos d’água
  • Antropogênicas: ocorrem através da extração do mercúrio e seu emprego em atividades econômicas pelo homem, podendo ocasionar maior impacto no ambiente.

Principais Aplicações do Mercúrio

  • Eletroeletrônica: Lâmpadas fluorescentes e de vapor de mercúrio, pilhas, baterias e componentes elétricos.
  • Metrologia: Barômetros, higrômetros, termômetros e manômetros.
  • Medicina: Esfigmomanômetros, termômetros, amálgamas dentárias e conservantes de vacinas (timerosal).
  • Agricultura: Agrotóxicos.
  • Indústrias: Petroquímica, Cloro-Soda, Bélica, Papeleira e Farmacêutica.
  • Atividades: Extração de primária de mercúrio, Mineração de ouro e Geração de Energia (queima de combustíveis fósseis).
Efeitos à humana saúde

Metilmercúrio:

Normalmente, a exposição é alimentar e ocorre através da ingestão de pescados contaminados. Produz efeitos deletérios nos rins, no fígado e no sistema nervoso central. Os sintomas mais comuns são a redução da visão periférica, perda de coordenação motora, dificuldades na fala e audição, perturbações sensoriais, fraqueza muscular. Em casos mais graves, pode provocar sequelas irreversíveis e morte. Pode gerar malformações fetais e doenças congênitas.

Mercúrio Metálico e Inorgânico:

A principal via de exposição ao mercúrio metálico se dá pela inalação de seus vapores. Os efeitos tóxicos agudos decorrentes da inalação de vapores de mercúrio metálico compreendem aumento da frequência respiratória, fadiga, garganta dolorida, sabor metálico na boca, tosse, tremores, dores de cabeça e alterações comportamentais. Nas exposições mais severas pode ocorrer falência renal, falência respiratória e morte. Observaram-se, ainda, reações alérgicas após o contato do mercúrio metálico com a pele de indivíduos com hipersensibilidade.

A principal forma de exposição aos sais de mercúrio se dá pela ingestão. Podendo provocar úlceras gastrointestinais e necrose tubular renal aguda. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão náuseas, diarreias, e úlceras, além de efeitos cardíacos e hipertensão arterial em crianças.

O amianto ou asbesto é um grupo de fibras minerais compostas por silicatos de magnésio, ferro, sódio ou cálcio. Essas fibras ocorrem naturalmente em determinadas rochas, podendo estar incrustadas ou visíveis. As fibras de amianto podem ser classificadas em Anfibólios e Serpentinas. Elas têm sido amplamente utilizadas pelas indústrias devido às suas características: abundância natural, resistência mecânica e térmica, durabilidade, entre outras.

Principais aplicações do Amianto

  • Fibrocimento: Telhas onduladas; chapas de revestimento; painéis; tubos; caixas d’água.
  • Automóveis: Pastilhas; lonas de freio; disco de embreagem.
  • Isolantes térmicos: Tecidos, cordas, feltros, papéis e papelões utilizados como isolantes térmicos.
  • Filtros: Filtros industriais.
  • Asfalto: Inserido nas camadas de Betume.
  • Vedantes: Juntas de revestimento e vedação.

Efeitos à saúde humana

O amianto é comprovadamente cancerígeno para humanos e todas as suas variedades representam riscos à saúde. A inalação de fibras de amianto provoca doenças que se desenvolvem em longo prazo, mesmo que a exposição tenha sido interrompida.

As doenças relacionadas de modo mais contundente ao amianto são a asbestose, os mesoteliomas e as placas pleurais. Além dessas, há outros cânceres, como os de brônquios, pulmão, estômago, laringe; e os derrames pleurais.

O chumbo é um elemento químico da classe dos metais pesados que pode assumir diferentes formas:

Chumbo metálico: é um metal cinza-azulado extraído de minérios naturais da crosta terrestre.

Compostos de chumbo: são compostos orgânicos ou inorgânicos obtidos através da combinação do chumbo com outros elementos químicos.

O chumbo está presente na poluição atmosférica graças à queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) e às indústrias que empregam a fusão de chumbo em seus processos de fabricação. A contaminação do meio ambiente com chumbo pode decorrer, ainda, de acidentes e da destinação inadequada de resíduos. Essa substância é capaz de persistir no solo e no fundo de rios durante várias décadas. Como consequência disso, há acumulação de chumbo ao longo das cadeias alimentares: os animais do topo da cadeia, entre eles o homem, acumulam altos teores de chumbo à medida que se alimentam de seres contaminados, podendo desenvolver problemas de saúde.

Atividades envolvendo chumbo

  • Medicina e Ciência: Proteção contra raios X.
  • Automóveis: Material de revestimento e baterias.
  • Elétrica: Cabos revestidos e acumuladores elétricos.
  • Construção: Canos, soldas e lâminas.
  • Plásticos: Fabricação de PVC.
  • Pigmentação: Tintas, corantes, esmaltes e maquiagem.
  • Fotografia: Fotopolimerização e sensibilizador.
  • Armamentos: Munição e explosivos.
  • Mineração: Extração comercial de chumbo e lapidação de pedras preciosas.
  • Pesca: Chumbada de pesca.

Efeitos à saúde

Os principais efeitos do chumbo são no sistema nervoso (encefalopatia crônica, alterações cognitivas e de humor, neuropatia periférica) e nos rins (nefropatia com gota, insuficiência renal crônica e síndrome de Fanconi). Em casos mais graves, os danos cerebrais e renais podem levar à morte. Além disso, outros sinais e sintomas podem ser observados: fadiga; irritabilidade; distúrbios do sono; dor de cabeça; dificuldades de concentração; redução da libido; fraqueza nos dedos, pulsos e tornozelos; cólicas abdominais; anorexia; náuseas; constipação intestinal; diarreia; pequeno aumento da pressão arterial; anemia; aborto em grávidas; parto prematuro; desenvolvimento neurológico comprometido em crianças; infertilidade masculina; entre outros. O chumbo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos elementos químicos mais perigosos à saúde humana.

O benzeno é uma substância química orgânica que se apresenta na forma de um líquido incolor, volátil, inflamável e de cheiro adocicado. Suas principais fontes são:

  • Cadeia de extração/refino do petróleo;
  • Indústrias siderúrgicas (através do gás de coqueria);
  • Queima de combustíveis fósseis e florestas;
  • Emissões industriais;
  • Evaporação de gasolina;
  • Fumaça de cigarro;
  • Reações de síntese orgânica da indústria química.

A contaminação ambiental por benzeno pode ocorrer no ar, no solo e na água. Quando contaminados, o solo e a água são capazes de liberar vapores de benzeno para o ar através de um equilíbrio dinâmico. Diferente do que ocorre naqueles meios, o benzeno presente no ar é capaz de se decompor em poucos dias, em decorrência do clima e da concentração de outros poluentes atmosféricos. Principais cadeias produtivas do Benzeno:

  • Plásticos;
  • Corantes;
  • Fibras sintéticas;
  • Agrotóxicos;
  • Medicamentos;
  • Colas, tintas e vernizes;
  • Borracha;
  • Sabões/Detergentes.

Efeitos à saúde

O benzeno é irritante aos olhos, nariz, pele e garganta. Dependendo da quantidade absorvida, ele pode provocar dores de cabeça, tontura, tremores, sonolência, náuseas, taquicardia, falta de ar, convulsões, perda de consciência, coma e morte. Além disso, a exposição crônica ao benzeno é capaz de provocar alterações na medula óssea e no sangue, levando à anemia, hemorragias, leucopenia e outros danos no sistema imunológico. O benzeno é comprovadamente cancerígeno para seres humanos, causando linfomas e leucemias.

- Portaria n° 1.644, de 20 de julho de 2009 - Veda, ao Ministério da Saúde e aos seus órgãos vinculados, a utilização e a aquisição de quaisquer produtos e subprodutos que contenham asbestos/amianto em sua composição, e disciplina demais providências.

- Resolução n° 416/2009, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama - Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências.

- Portaria Interministerial n° 775, de 28 de abril de 2004 - Proíbe a comercialização de produtos acabados que contenham "benzeno" em sua composição, admitindo, porém, alguns percentuais.

- Resolução n° 396, de 03 de abril de 2008 - O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) meio desta portaria preconiza que os níveis aceitáveis de mercúrio em água.

- Resolução da Diretoria Colegiada n° 306, da Anvisa, de 7 de dezembro de 2004 - Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde contendo mercúrio.

- Resoluções n° 344, de 25 de março de 2004 e n° 420, de 28 de dezembro de 2009 - Preconizam os limites aceitáveis de mercúrio em sedimentos (fundo de rio) e solo, respectivamente.

- Portaria n° 685, de 27 de agosto de 1998 - Dispõe sobre os níveis máximos de contaminantes químicos em produtos alimentícios.

- Lei n° 9.055, de 1° de junho de 1995 - Disciplina a extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham, bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o mesmo.

- Portaria Normativa n° 435, de 09 de agosto de 1989 - Trata do registro de equipamentos de controle de mercúrio metálico em garimpos, incluindo equipamento de recuperação de mercúrio metálico em operações de queima de amálgama que devem atender a uma eficiência de 96% na recuperação do mercúrio.

- Decreto n° 97.507, de 13 de fevereiro de 1989 - Dispõe sobre o uso de mercúrio para extração de ouro. Trata do licenciamento da atividade garimpeira e veda o uso de mercúrio em garimpos não licenciado.

- Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978 - Preconiza que limite aceitável de mercúrio, em qualquer forma química, é de 0,04 mg/m3 no ar atmosférico.

Centro Estadual de Vigilância em Saúde